Segundo Gaspar Furtuoso “ nesta ilha de São Miguel não costumam fazer vinhas senão sobre pedras que, no tempo passado, com terramotos e incêndios de enxofre e salitre, e outros materiais, brotaram de debaixo da terra e correram em ribeiras de fogo sobre a superfície dela, as quais resfriadas da quentura com que corriam, ficaram feitas pedras e áspera penedia, sobre a qual pelo tempo adiante se criou e nasceu basto e altíssimo arvoredo, o qual roçando depois os moradores desta ilha, por aqueles biscoitais não prestarem para terra de pão nem de outros legumes, prantaram neles vinhas”.

Foto: JPedro

Foto: Fernando Abreu

Foto: Fernando Abreu
Com sabedoria e criatividade, o micaelense triunfou perante as adversidades da natureza, transformando pedra improdutiva no seu modo de sustento, plantando a vinha, protegendo-a dos ventos fortes e do rossio do mar através da construção de uma estruturada malha de muros, onde sobressaem os “currais”.
O reticulado de muros levantados a partir das rochas expelidas pelo vulcão, associado á excelência dos campos de lava e á vegetação natural, formam uma ambiência suigeneris que impressiona pela sua perfeição. Nesta área o elemento fundamental está espelhado na unicidade estabelecida pela impressionante rede de muros testemunhos de uma sábia forma de rentabilização de recursos, e que formam uma teia perfeitamente ordenada, constituída por um rendilhado de muros de pedra negra, onde se encontram desenhados os “currais”.
MEDEIROS, Carlos Alberto, Contribuição para o estudo da vinha e do vinho nos Açores, Finisterra, XXIX, 58, 1994.
O que resta dos antigos currais de vinha de S. Caetano e Quinta da Glória, na zona de Rosto do Cão em São Miguel.
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